PF aprendeu documentos, como notas promissórias de R$ 1 milhão mensais entre 2014 e 2015, para filho do ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB) referente a duas pequenas usinas hidrelétricas, em Mato Grosso e no Pará
A Polícia Federal investiga pagamentos feitos pelo Grupo Bertin – envolvido no suposto esquema de financiamento ilegal do PT executado pelo pecuarista José Carlos Bumlai – para o ex-senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), filho do ex-ministro de Minas e Energia peemedebista Edison Lobão. A força-tarefa da Operação Lava Jato apreendeu num dos escritórios da Bertin documento de cobrança, liberação de pagamento e 8 notas promissórias de R$ 1 milhão cada, com vencimentos entre agosto de 2014 e maio deste ano.
“Documentos apreendidos mencionam pagamentos a Edison Lobão Filho, ex-senador da República. Trata-se de análise preliminar e que demanda maior apuração acerca de indícios de possíveis ilicitudes”, registrou o delegado Filipe Hille Pace, da equipe da Lava Jato, em seu despacho de indiciamento do amigo do ex-presidente Lula preso desde o dia 24, alvo central da 21ª fase das operações, batizada de Passe Livre – referência ao acesso liberado que ele tinha no Planalto.
Descoberta acidental. Enquanto prendia em Brasília, Bumlai, outra equipe da PF realizava buscas no escritório do Grupo Bertin, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2012, Jardim Paulista, em São Paulo. O objetivo principal era encontrar material relacionado ao empréstimo de R$ 12 milhões tomado pelo pecuarista do Banco Schahin, que teria sido usado para quitar dívidas do PT. O dinheiro circulou pelas contas do Grupo Bertin.
Num dos documentos apreendidos nas buscas, apareceu a Santri Participações Societárias S.A., registrada em nome de Fernando Antônio Bertin e Natalino Bertin, como como devedora notificada por Edison Lobão Filho.
“Objeto da mora: 1ª, 2ª e 3ª parcelas do acordo particular de compra e venda de ações das empresas Curuá Energia S/A e Buriti Energia S/A, firmado entre Notificados e Notificante”, registra o documento, de 27 de outubro de 2014 – sete meses após ser deflagrada a fase ostensiva da Lava Jato. A Buriti e a Curuá são duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), localizadas em Mato Grosso e Pará, respectivamente.
No mesmo endereço, foram apreendidas 8 notas promissórias do Grupo Bertin para Lobão Filho, além de documentos das duas empresas de energia do Mato Grosso. Três deles são de agosto, setembro e outubro de 2015, todos com valor de R$ 1 milhão. Outras cinco notas são mensais emitidas entre janeiro e maio deste ano.
Autorização de pagamento. Em outro malote analisado pela PF, entre o material aprendido nos endereços do Grupo Bertin, foi encontrada as autorizações dada pelos atuais conselheiros das empresas Curuá e Buriti, entre eles dois membros da família Bertin, para pagamentos para Lobão Filho e o empresário Filadelfo dos Reis Dias e para Fernando Bertin, datados de julho deste ano. São liberações de julho, agosto, setembro e outubro, sempre no mesmo valor.
Fonte: O Estadão
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