A cada ano, cerca de 10
milhões de toneladas de plásticos chegam aos oceanos, o que equivale à 23 mil
aeronaves Boeing 747 pousando nos ecossistemas marinhos. Nesse ritmo, até 2030,
o lixo plástico será praticamente onipresente nos oceanos, com volume
equivalente a 26 mil garrafas de 500 ml de água a cada km².
Os dados alarmantes,
divulgados nesta terça-feira (05), fazem parte de um relatório da organização
ambiental WWF International, o “Global Plastics Report”, que faz um raio X do
impacto do plástico no meio ambiente, na economia e na sociedade.
Sinônimo de praticidade e
resistência, o plástico se tornou tão útil na vida moderna a ponto de ser
encontrado por todos os lados, até onde não deveria. Estudos científicas
demonstram que vasta presença do material em produtos cotidianos — de
embalagens a cosméticos, passando por roupas e artigos domésticos — associada à
má gestão dos resíduos têm contribuído para uma poluição sem precedentes no
meio ambiente, e que não respeita fronteiras.
A contaminação das águas
dos oceanos por detritos do material é um dos efeitos mais estudados pelos
cientistas. Além de atingir as remotas águas do Polo Norte e as regiões mais
profundas dos oceanos, micropartículas do material são encontradas até mesmo na
água potável que é servida à população em vários países do mundo.
Problemas
e soluções
Os detritos plásticos são
contaminantes complexos e persistentes do ponto de vista ambiental. O plástico
é quase indestrutível e, no meio ambiente, só se divide em partes menores, até
mesmo em partículas de escala nanométrica (um milésimo de um milésimo de
milímetro). Ainda assim, a natureza é incapaz de “digeri-lo”.
Independentemente do
tamanho do detrito, os plásticos muitas vezes contêm uma ampla gama de
substâncias químicas usadas para alterar suas propriedades ou cores e muitas
delas têm características tóxicas ou de desregulação endócrina (imitam
hormônios capazes de interferir no sistema endócrino). Esse materiais também
podem atrair outros poluentes, incluindo dioxinas, metais e alguns pesticidas.
No meio ambiente natural,
os plásticos apresentam inúmeras ameaças ecológicas, como a inibição da
capacidade reprodutiva dos animais, o bloqueio dos tratos digestivos daqueles
que o ingerem e a transferência de poluentes para esses animais e seus
predadores. Tartarugas marinhas, caranguejos e aves costumam ser vítimas
fáceis.
Nada
disso sai barato. A poluição por plástico gera mais de US$
8 bilhões de prejuízo à economia global, segundo levantamento do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Os principais setores afetados são
o pesqueiro, comércio marítimo e turismo.
Não
precisa ser assim. É possível transformar o problema em
oportunidades, com benefícios para o Planeta e os negócios. De um lado, será
preciso reduzir, sim, o consumo de plástico virgem (plástico novo) e, de outro,
estruturar uma cadeia circular de valor para o plástico, aponta o estudo.
Reduzir o consumo de
plástico resulta em mais opções de materiais que sirvam como opção ao plástico
virgem, garantindo que seu preço reflita seu custo na natureza e, assim,
desencorajando o modelo de uso único. Já a criação de uma cadeia de valor do
plástico demanda maior e melhor coleta e tratamento dos resíduos (evitando
contaminação que impeça a reciclagem).
O estudo reitera a importância
de responsabilização do produtor pelo descarte dos materiais e defende a
aplicação de taxas de coletas mais elevadas para encorajar as empresas a buscar
materiais mais limpos desde seu design até o descarte. Um sistema de separação
e tratamento do lixo plástico que envolva as empresas produtora ajudaria a
viabilizar sistemas de reciclagem que garantam mais uniformidade e volume do
material, facilitando assim o reuso do plástico.
Fonte: EXAME
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