quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Em greve, policiais civis denunciam precariedade em delegacias do MA

Em Porto Franco, esgoto a céu aberto faz parte da rotina dos agentes. 
 Das 337 delegacias no estado, apenas 37 foram reformadas, diz Sinpol.
Michel SousaDo G1 MA
Esgoto estourado toma conta de área da Delegacia de Porto Franco (Foto: Divulgação / Polícia Civil)Delegacia de Porto Franco sofre com abandono  (Foto: Divulgação / Polícia Civil)
Agentes da polícia civil denunciam as condições precárias de funcionamento e a vulnerabilidade das delegacias do Maranhão. A maioria funciona em prédios ou residências alugados que nunca foram reformados. Das 337 delegacias, apenas 37 unidades passaram por reforma nos últimos anos, segundo dados do sindicato da categoria. 

Em Porto Franco, a 700 km de São Luís, os policiais convivem com a falta de infraestrutura e segurança para trabalhar. Na delegacia falta espaço para os equipamentos e processos, mas sobra precariedade da estrutura do prédio.

Presos e agentes convivem com o mau cheiro que emerge do esgoto a céu aberto, assim como da fossa usada pelos internos. As instalações elétricas comprometem o funcionamento da delegacia, nas paredes é possível ver rachaduras, há infiltrações, entulhos espalhados pelos cômodos e os veículos estão sucateados.
Agentes convivem com sujeira e falta de estrutura
(Foto: Divulgação / Polícia Civil)

A denúncia é feita por agentes que enviaram as fotos para o G1, mas preferem não se identificar com medo de represálias por parte do governo.

“Todas as autoridades do Maranhão já passaram por aqui e sabem que não existem condições humanas de prestar um serviço decente, tanto que a delegacia foi interditada várias vezes. Quem trabalha na delegacia se submete a condições totalmente insalubres”, afirmou um investigador. 


Superlotação e insegurança
A delegacia possui cerca elétrica, mas o muro é baixo e não há monitoramento eletrônico o que facilita as investidas. O prédio, que atende outras cinco cidades, sofre com a superlotação das celas criadas para comportar 15 pessoas, mas que atualmente abrigam 70 presos.

Além da superlotação, outro agravante é o número de policiais na delegacia: sete agentes se revezam nas escalas de serviço, sendo um monitor e um investigador por dia.

“Atualmente existem cerca de 70 presos na delegacia. O serviço de carceragem não faz parte da função da Polícia Civil, pois isso é competência da Sejap. Isso faz com que os investigadores abandonem seus serviços para fazer aquilo que é da alçada de outros servidores” desabafa outro agente que trabalha no local.

De acordo com o sindicato, outros problemas também podem ser observados nos prédios onde outras delegacias estão instaladas. Entre eles, a falta de espaço para os equipamento e processos, além da infiltração em paredes e entulho espalhados pelos cômodos.
Prédio já foi interditado várias vezes, segundo informou o Sinpol

Greve continua
Os policiais civis decidiram pela continuidade do movimento grevista no Maranhão, em assembleia geral da categoria realizada na tarde desta quarta-feira (5), no Plantão Central do Bom Menino, em São Luís. A paralisação foi iniciada na segunda-feira (3).

De acordo com o sindicato, 2.166 policiais entre comissários, investigadores, escrivães, auxiliares de pericia médico legal, motoristas e operadores de rádios estão paralisados em todo o Estado. Apenas 30% do efetivo está nas delegacias, como determina o artigo 9º, da Lei 7.783/89.

A categoria reivindica melhores condições de trabalho, ampliação do efetivo de oficiais da corporação e reestruturação do subsídio com base nas tabelas apresentadas pelo governo do Estado.

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