terça-feira, 18 de agosto de 2015

Desculpa é única saída para Dilma reatar com eleitor traído

Postado por: DANIELA MARTINS 
Sem uma explicação, como um pedido de desculpas, a presidente Dilma Rousseff vai continuar afastada de um segmento que votou nela e se decepcionou. Durante a campanha eleitoral de 2014, Dilma disse que o Brasil iria bombar em 2015, que não faria ajuste e que não haveria tarifaço de energia.
Quem votou na presidente e convive hoje com inflação na casa dos 10% ao ano, tarifaço e aumento de desemprego deve se sentir traído por ela. Mas Dilma continua a terceirizar a culpa para a crise internacional.
Pedir desculpa não é uma saída fácil. O tom deve ser bem medido. E uma ruptura com Lula, como sonham os tucanos, seria perder o principal aliado.
No entanto, desculpar-se de modo crível parece ser a única saída para a construção de uma narrativa que permita uma recomposição com uma parcela do eleitor dilmista desiludido.
Por isso, uma eventual admissão de erros tem sido debatida, sim, pela presidente e pelo PT. Na entrevista da semana passada, a presidente chegou a dizer que não achava que não tinha errado. Estimulada a dizer onde havia cometido erros na economia e na política, disse que poderia ter se esforçado mais para destravar nós da infraestrutura e não foi além disso.
Dilma tem dificuldade de admitir erros. Na mesma entrevista, deu uma declaração importante. Concordou que ter dito uma coisa na campanha e feito outra no governo poderia permitir a leitura da população de quebra de promessas eleitorais. E falou: “Eu tive a coragem de, mesmo não querendo fazer e me comprometendo a não fazer, quando a situação mudou, eu tive de mudar”.
Ainda é uma justificativa que joga na conta do cenário internacional as razões do ajuste fiscal e do tarifaço. Mais uma vez, soa como uma desculpa que terceiriza a responsabilidade e a isenta.

Os dados do Datafolha mostram que a maioria dos manifestantes que foram às ruas no domingo, em São Paulo, votou na oposição, é mais velha e de maior renda. É a parcela que se mobiliza.
No entanto, o mesmo Datafolha revelou uma insatisfação geral no país, que inclui quem votou na presidente. Há desaprovação, por exemplo, no Nordeste, que era um antes da chegada do PT ao poder e hoje é outro.

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